Transtorno do pânico: o que é e como eu trato

Tratamento da Doença ou Transtorno do pânico

Todos os seres vertebrados e invertebrados , mamíferos ou não, são dotados de reações diante de perigos reais, que possam afetar sua integridade física.Nós humanos, possuímos uma série de reações inatas que são deflagradas quando estamos diante de uma ameaça e tais reações são tanto físicas quanto psíquicas e foram denominadas de ” reações de luta ou fuga ” .Elas incluem o aumento dos batimentos cardíacos( taquicardia), o aumento do tamanho da pupila, a palidez facial em função do desvio de sangue para áreas nobres do corpo a fim de enfrentar o perigo ou fugir dele( aumento de irrigação sanguínea nos músculos dos membros inferiores, dos pulmões e do coração).Há uma correspondente liberação de hormônios que são liberados por nossa glândula supra- renal, sendo o mais importante o chamado CORTISOL. O cortisol é um hormônio , ou seja, uma substância que é liberada por um órgão mas que age à distância, produzindo uma cadeia de eventos como liberação de noradrenalina que aumenta os batimentos do coração para a reação de luta ou fuga.Essa sequência de eventos acima descrita, é perfeitamente normal diante de perigos reais. Um exemplo: você está numa floresta. escura, e de repente escuta o que poderia ser o rugido de um leão Automaticamente, seu cérebro é informado pelos órgãos da percepção( ouvidos, olhos) e manda uma mensagem em décimo de segundos para seu organismo todo, para que toda aquela cadeia de eventos corporais acima descrita, passe a atuar a fim de que você tenha condições de fugir do leão ou lutar contra ele. Nos indivíduos geneticamente predispostos, essas reações de ” luta ou fuga” são desencadeadas de forma inadequadas ao momento,sem que haja real perigo externo, porém muitas vezes acionadas por perigos imaginários ,ou até inconscientes, numa reação desadaptativa do organismo que chamamos de Transtorno do Pânico.Importante salientar aqui que é como se seu organismo passasse a agir como um alarme de uma casa que dispara no momento errado, sem que um perigo real esteja presente.Assim, o paciente subitamente sente uma sensação de mêdo, apreensão, sensação de morte iminente, sudorese fria, palidez, coração disparado, tonturas e tremores.Em alguns casos, pode – se desenvolver reações fóbicas ou de evitação fóbica a determinados locais onde o indivíduo pressinta que, se tiver pânico, não conseguirá sair facilmente do local, e então passa a evita lo.É o que chamamos de Pânico com AGORAFOBIA.Um exemplo é aquela pessoa que teve um primeiro ataque de Pânico dentro de um túvel, e então passa relativamente( reação psicológica ou de condicionamento) a evitar entrar em túneis com receio de passar mal. A década de 80 assistiu uma verdadeira revolução na psiquiatria, com a descoberta de que tais eventos anormais , chamados popularmente de Pânico, pudessem ser melhor compreendidos em sua neurofisiopatologia( ou seja, como se processam no cérebro e corpo essas reações tão desagradáveis de Pânico) e consequente a uma melhor compreensão fenomenológica e psicopatológica da ” Síndrome do pânico”.Assistimos também ao surgimento dos primeiros medicamentos capazes de controlar satisfatoriamente os ataques de Pânico.Refiro- me à classe dos antidepressivos inibidores de receptação de serotonina( ex: fluoxetina, sertralina, paroxetina entre outros) os quais vieram substituir com menos efeitos colaterais os antigos antidepressivos chamados tricíclicos, que funcionam no tratamento do pânico mas possuem muitos efeitos desagradáveis como arritmias cardíacas, boca seca, prisão de ventre e sonolência.Associadamente ou não a esses novos antidepressivos, vimos a necessidade de por vezes utilizarmos no início do tratamento, de tranquilizantes da classe dos benzodiazepínicos, principalmente o Clonazepan e o Alprazolam, uma vez que agem de maneira rápida no controle dos sintomas de Pânico , já que os antidepressivos mencionados costumam precisar de até 15 dias para que se obtenha um efeito anti- pânico eficaz O uso de antidepressivos no tratamento do distúrbio de Pânico é preferencial, pois além de sua eficácia, não produzem a chamada dependência medicamentosa e isso é desejável, pois o tratamento costuma ser longo, de no mínimo 1 a 2 anos, às vezes por uma vida toda , dependendo de cada paciente Estatisticamente sabemos, que cerca de 30% dos pacientes que usaram adequadamente o esquema terapêutico por pelo menos 2 anos, com a posterior retirada dos antidepressivos, costumam ficar assintomáticos ao serem retiradas as medicações, , porém 70% dos casos, mesmo com doses adequadas e tempo mínimo de 2 anos de uso dos medicamentos ,costumam ter recidivas No tratamento do pânico grave e refratário aos tratamentos convencionais , indicamos também a Terapia Cognitivo- comportamental(TCC) , feita por profissional qualificado, cujo objetivo é ” ensinar” o cérebro do paciente a controlar as ameaças de Pânico e a fornecer ferramentas para que o próprio paciente consiga mentalmente modificar as reações desagradáveis de Pânico e evita- las Há um consenso hoje em psiquiatria que o Transtorno do Pânico felizmente tem em geral um bom prognóstico,desde que tratado de forma adequada, pelo prazo mínimo preconizado em estudos clínicos e por profissionais habilitados ao manejo dos psicofármacos e/ ou da TCC

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